Comer, rezar, amar (por enquanto só comer...)

Sábado de sol, não aluguei um caminhão, nem chamei a galera pra comer feijão. Primeiro porque aqui não tem sol, segundo porque não me atreveria a dirigir nesse trânsito louco e invertido, e terceiro porque aqui não tem feijão. Só uma papa marrom horrível. Enfim, sábado nublado decidi fazer um programa típico de morador: primeiro, uma voltinha no Leeds Kirkgate Market, mais conhecido como Leeds City Markets (o Mercado Central) e depois uma passada por um festival de comida indiana com vários quitutes e bebidinhas for free (e de graça, brasileiro quebrado aceita até livro em chinês).

À primeira vista, o prédio do mercado já impressiona. A construção começou a ser erguida em 1725 e funcionava primeiramente como um mercado de tecidos, o que impulsionou o comércio de toda a região àquela época.  Na metade do século seguinte, passou por uma expansão e remodelamento de toda arquitetura, o que lhe conferiu características da Época Vitoriana (alô aula de história!) que perduram até hoje.  A fachada tem vários arabescos e gárgulas em formatos de anjos. No interior, o pé direito com quase 10 metros de altura (!) e abóbodas de vidro deixam a luz entrar naturalmente. As lojinhas tem a arquitetura super bem conservada. Em 1975, um incêndio destruiu mais de 70% de toda estrutura. No ano seguinte, o local fora reconstruído. Em 1981 uma ampliação garantiu que cerca de 800 feirantes pudessem comercializar suas coisas no local. Já em 1992, novamente pegou fogo (na verdade incêndios são bastante comuns por aqui devido às condições da fiação elétrica dos locais, antiguíssimas). Nesta última, as chamas começaram justamente devido a alguns produtos que estavam sendo utilizados no local para restauração. Uma pena. Contudo, não é possível perceber os danos atualmente. Está tudo muito lindo, bem pintado e limpinho.

Arquitetura no interior do local

A entrada principal e os arabescos e gargulas ao longo de toda a fachada

Bom, a aula de história foi linda (até porque a gente viaja junto, então não é só para gastar, é para aprender também!), mas vamos ao que interessa. A visita é ótima para conhecer os moradores e produção local. Lá se encontra de tudo: lãs, linhas, frutas, verduras e carnes frescas, tecidos, roupas,flores, temperos, ervas chinesas,eletrônicos, artigos para decoração, peças para carros, maquiagem e todo o tipo de quinquilharia que se possa imaginar. O bom é que é tudo bem abaixo do preço em relação a qualquer supermercado – sem contar que são os próprios produtores que revendem, então é bem mais saudável e sem agrotóxico. Se para os olhos, é um deleite, para o bolso nem se fala. Comprei por 15 libras (uns R$50) o 212 sexy- Carolina Herrera, 30 ml. No Brasil ele custa em média, uns R$185. Há também várias cafeterias pequenas, com comida tradicional e feita na hora. Vale muito! A geladeira também foi abastecida com bananas, pêssegos ( 4 por 1 libra), morangos e verduras pela bagatela de 5 libras (no supermercado, no máximo é possível comprar uma bandejinha de abacaxi picado).

Em sentido horário: barbearia, loja de flores e banca com produtos para confeitaria

Tem de tudo! Em sentido horário: peixes frescos, legumes e verduras baratinhos, frutas maduras e carne vermelha

Ao final, pose de turista para a fotinho! (ao menos hoje não me senti um E.T)

Se quiser conhecer o mercado, vá com calma. Olhe sem pressa. Alimente a mente além do estômago e do armário. As pessoas são atenciosas e os mais velhos sempre querem contar histórias para os turistas. Então, aproveite! Ah, fique atento para o horário, é somente das 9h às 17h, diariamente.

Onde fica: Ao final da The Headrow Av. não tem erro

Quanto custa: É de grátis! Mas vá com várias moedinhas para poder abastecer a geladeira

Ponto alto: Conhecer os moradores locais, ouvir histórias, alimentar a mente e comprar barato

Ponto baixo: não funciona à noite

Do it again?: Com certeza, no mínimo toda semana para encher a geladeira gastando pouco

Mas, calma que a tarde de hoje foi super movimentada. Ainda não acabou!

A próxima parada foi o World Curry Festival (ou o Festival Mundial do Curry). Sabe aquele tempero indiano meio alaranjado, adocicado e com cheiro forte? Pois é, aqui são três dias gastronômicos dedicados totalmente a ele. E o que se via de indiano, não era pouco não. No local, em frente ao museu da cidade, dezenas de barraquinhas vendem comida indiana, paquistanesa e caribenha. Além disso, é possível degustar pratos e bebidas típicos que utilizam curry na receita, totalmente free! Para isso, preste atenção no pessoal que anda com bandejas e corra, corra, corra se ver algum perto de você. Esqueça a educação inglesa e pegue seu potinho, porque alguém pegará o seu se você não for rápido o suficiente.

Além disso, ao longo dos dias chefs dão aulas gratuitas com receitas típicas – mas, atenção, chegue cedo para assinar seu nome na lista se quiser aprender alguma coisa. No mais, música, dança e muita bebida dão um pouco de alegria a esse povo naturalmente carrancudo e cinzento. Só para registrar, o Festival acontece todo mês de setembro, então marque no calendário.

Sala com aulas gratuitas em culinária indiana. Abaixo, os ingredientes e receita para a próxima turma - pena que não tinha mais horário vago

Em sentido horário: local do evento, venda de produtos típicos, soldados das forças armadas também participaram para angariar fundos e banca com venda de molhos típicos e degustação

Onde fica: The Headrow Av.

Quanto custa: A entrada é gratuita, mas é bom levar dinheiro caso você queira provar pratos maiores e mais elaborados

Ponto alto: Conhecer um pouco sobre a cultura dos milhares de indianos que vivem por aqui

Ponto baixo: Apenas uma vez ao ano

Do it again?: Com certeza

E aí, gostou do programa de hoje?

Amanhã tem mais,

bjs