Reza um “pai nosso” e vambora!

Como toda mudança, a gente fica feliz. Mas a gente chora. A gente se questiona. E, então, a gente encara para ver “o que é que dá”. E é justamente aí que toda a aventura começa.

Gente, e para mim a tal aventura começou realmente cedo, logo ainda no Brasil, com uma quase prisão pela Polícia Federal. Enfim, não era como eu sempre sonhei em aparecer no Jornal Nacional, né não people?! O que acontece é que um senhor, já na casa dos 70 e com aquela cara de papai Noel, estava atrás de mim na fila de embarque para Amsterdam. Olhei para ele. Ele olhou de volta e deu aquele sorriso bonzinho, uma graça. Continuei fuçando no celular. Justo nesse momento passam dois policiais federais com uma foto na mão e param atrás de mim: “É ele. Senhor, posso ver seu passaporte?”.

Consequência do meu costume de gansar a conversa alheia ou afinidade com a curiosidade que aflora naqueles que são jornalistas (ou os dois simultaneamente), o fato é que é óbvio que resolvi virar para ver o bapho que estava acontecendo em minhas costas. Então, eis que um dos policiais federais pega no meu braço e me pergunta (em inglês): “Vocês estão juntos?”. Arregalei os olhos, engoli em seco e em alto e bom português: “Juntos? Não senhor. ´Tamo´não”.  “O senhor nos acompanhe, por favor”, ordenaram ao senhorzinho. Eu, então, dei uma de ´Joãozinho sem braço´, virei para a frente da fila, respirei sem fazer barulho e torci para que os homens da lei esquecessem de mim. E eles se foram. Mais tarde, durante o banquete aéreo, porque eu não aprendo e novamente gansando a conversa ao lado (dessa vez dos comissários de bordo – e nessas horas eu agradeço por poder entender um tiquim de várias línguas) fiquei sabendo que meu bom velhinho fora preso tentando sair do Brasil com alguns papelotes de cocaína. É, papai não ia gostar muito dessa minha exposição no JN...

Na aeronave, foram dois brasileiros ao meu lado. A japonesa, um deles, disse que sabia que ia morrer de desastre aéreo porque viajava o mundo inteiro o tempo todo e ainda solta uma gargalhada da bruxa da Branca de Neve “quem sabe não é hoje?!”. Eu sorri amarelo e pensei comigo: “cala a boca, Magda”.  O resultado? Um leve chacoalhão de meia hora que me fez rezar todas as orações que conheço e cantar mentalmente “Segura, na mão de Deus, que ela, ela te sustentarááááá”....

So, após 17 horas de vôo e sala de espera entre Brasil e Europa, finalmente coloco meus pés em solo inglês: “Ah, que delícia, só pegar as malas e ir direto para a universidade”. Quanta inocência! Ansiosa, aguardo a bagagem que nunca vem e, por fim, com olheiras já batendo no queixo, descubro ficaram perdidas em algum lugar no meio do caminho! Respiro fundo, faço o registro na companhia aérea (a propósito, não viaje de KLM. Fiquei sabendo que é mestre neste tipo de (falta de) respeito com o cliente) e vou direto para o flat da universidade, doida por um banho. Ao chegar, faço o check in, tomo uma chuveirada quente e estou revigorada, não é ? Não, é óbvio que não. Ao chegar à recepção, o escritório estava trancado, sem nenhuma alma viva por lá. O que me restou foi procurar um hotel próximo e ainda ir fazer umas compras de roupa de inverno para ter com o que passar os próximos dias.

E aí, o dia não foi de rezar, mais que um pai nosso, mas um terço inteiro?!

Vambora dormir e esperar pelas aventuras de amanhã.

E você, já passou por algo assim? Conta aí!

Boa noite  a todos,

(PS: Cruzem os dedos para minhas malas aparecerem o mais rápido possível! Pensamento positivo, pessoal!)