quarta-feira, 21 de setembro de 2011

As primeiras compras domésticas


Em primeiro lugar, minhas malas chegaram! Quanta alegria! Afinal, já estava difícil passar os últimos três dias com duas calcinhas e sem xampu – calma, gente, sabonete eu comprei no supermercado. Nestes, me senti uma completa européia: com o cabelo sujo e sem gilete para depilar as axilas (thanks god que é inverno!), imagina a situação. Mas, como tinha um tique-taque na bolsa, ele foi a salvação para o período de cabelo ensebado, afinal, nos mulheres, sabemos o milagre que esse bichinho é capaz de fazer, não é mesmo, girls? Só para esclarecer, hoje cedo lavei o cabelo, utilizei a gilete que estava na mala e tirei da sacola a calcinha mais fofinha, sequinha e cheirosa existente na face da Terra! Bom, dito isso, vamos ao que interessa hoje.
Sabe os primeiros filmes nos quais não havia áudio e que, no máximo, umas legendas ajudavam a esclarecer o que os atores tentavam representar com gestos em frente às câmeras? Essa sou seu. Só que sem legenda. E fazendo minhas primeiras aquisições para o lar.

Lá na escola primária, quando você aprende a contar em inglês de um a dez e a falar o nome das cores enrolando a língua nos érres, se sente como um verdadeiro lorde nascido em solo anglo-saxão.  Mas o problema é que você não é. Então, quando resolve passear pelo mundo se mete em cada “pegadinha de prova de vestibular”: “on the internet” ou “at the internet?”, “give it to me!” ou “give it for me?”. Enfim, pra mim o importante é estabelecer a comunicação, nem que no meio do processo os ruídos transformem algo como “você tinha dito isso” em “você tinha dizido isso”.
Equipar a casa nova (neste caso uma suíte de 10 m2) é algo que geralmente deixa a nós, mulheres, bastante empolgadas, não é, gente? Almofadas, travesseiros, edredom, quadros, flores, velas decorativas, cestos de lixo, grampo de pendurar roupas... andamos mais um pouco e chegamos ao departamento do material de limpeza: limpa vidros, sabão em pó, amaciante, quiboa, desinfetantes... mais alguns empurrões no carrinho e nos deliciamos com pães, biscoitos, cafés, frutas fresquinhas. Depois, basta pegar tudo e levar para a simpática caixa providenciar a conta final.
Essa belezura toda acontece quando você conhece a língua que está falando, caso contrário, os momentos de deleite viram um constrangimento sem fim. Galera, fala sério, como é que faz para comprar esse tanto de coisa sem saber como pedir?! Fácil, como já foi dito, com mímica! Na verdade, nunca imaginamos que uma situação dessa pode acontecer porque frequentemente acreditamos que todo inglês que a professora do colegial ensinou é mais que suficiente para fazer ser palestrante internacional. Se você pensa assim, amigo, sorry, mas está ferrado.
Então essa foi a aventura da vez. Após recuperar minhas roupas e conseguir um teto quente para dormir, é hora de equipá-lo com o mínimo, não? Logo cedo fui em busca dos itens acima, mas não contava com a falta de habilidade em coisas tão particulares da língua. Ela, por outro lado, não contava com a minha astúcia. Pois bem: no supermercado consegui comprar o básico de comida porque pra isso basta olhar a cara do negócio. O problema foi a área de higiene, limpeza e as coisas de cama e cozinha. A sorte foi que encontrei uma vendedora bastante prestativa e que até se divertiu com as minhas trapalhadas: “moça, por favor, preciso daquele negócio (ai eu fui deitando em uma poltrona) que quando a gente vai dormir a gente se cobre (e fiz o gesto de puxando a tal coisa que na verdade era um edredom)”. “Ah, e aquele produto que a gente coloca na roupa pra ficar macia?”. “Moça, eu não sei o nome em inglês, mas preciso daqueles pinos pra fixar as coisas em um quadro de avisos” – já fazendo o sinal de apertar algo na parede e torcendo a boca e a língua para o lado como quem estivesse fazendo esforço –, ou seja, tarrachinhas. “Moça, eu preciso de sabonete íntimo” – gente, esse eu prefiro não descrever como foi a explicação do negócio, acho que vocês devem imaginar. Sem contar que ainda precisava comprar absorvente, panela, sabão em pó, canecas... um exercício e tanto para minha vertente de atriz e mímica.
Enfim, depois de tudo comprado, hora de ir pra casa e arrumar tudo no seu devido lugar. Ao final, ó o resultado aí, ó:  
A suíte presidencial
Manhê, olha só como sou estudiosa
Banheiro arrumadinho (porque ninguém precisa de foto de privada, né, pessoal?!)
Brilho do sol, amigos e risadas são sempre bem vindos (ohn, que meiguice!)

Aceito ajuda de todos os santos para me protegerem durante as trapalhadas



E você, já passou por uma situação como essa?
Se você está prestes fazer suas primeiras compras fora do país, segue uma listinha que pode te ajudar a não passar pela cena do sabonete íntimo.
Dicas para compras mais tranquilas
1-      Faça uma lista português-inglês de tudo o que vai precisar, fica mais fácil decifrar as embalagens
2-      Vá com tempo e calma, não adianta ter pressa nessa situação
3-      Por favor, não pense que na sessão de hortifruti você vai encontrar aquele abacaxi amarelinho ou o mamão bem maduro. No máximo (por outro lado é bem prático) você vai achar uns potinhos com frutas tropicais já picadas. Mas, vou logo avisando, o preço e salgado e o gosto não é o mesmo
4-      Ainda que você tenha rido com meu ridículo, não tenha medo de fazer mímicas ou descrever o produto que você quer. Geralmente os atendentes são bem solícitos e até acham divertido participar desse jogo de caça-produtos com um estrangeiro
5-      Preste atenção às marcas. Por exemplo, sabão em pó Ariel, Absorvente always, café nescafé e amaciante comfort tem as mesmas funções no mundo inteiro. Isso torna sua busca bem mais prática
6-      Ainda em relação aos cafés, por aqui há tantas variedades que geralmente os supermercados disponibilizam uma seção inteira só para eles e chás. Neste caso, o bom mesmo é apostar no velho sabor tradicional – eu, pelo menos não gosto dessa mistureba de caramelo ou nozes com café. Se eu quisesse caramelo, eu comprava caramelo, ora bolas
7-      Leve sua própria sacola retornável. Sim, aquelas que viraram moda aí no Brasil e que toda empresa que quisesse se mostrar ambientalmente responsável distribuía aos clientes. Por aqui elas são realmente comuns, seja no supermercado, na faculdade, shoppings, feirinhas... No caso de hoje, o desconto é considerável na hora da compra por não usar sacolas plásticas
8-      Aprenda a procurar as coisas você mesmo. Ainda que você consiga algum funcionário para te ajudar, eles são tão escassos (oi, crise européia?!) que até os caixas já foram substituídos por máquinas automáticas nas quais os próprios clientes passam suas compras

Alguém tem mais dicas práticas?
Bom, nos próximos dias estou pensando em ir à lavanderia – sim, realmente como nos filmes todo mundo lava suas roupas nesses locais, não há o “tanquinho” em apartamento nenhum – aposto que renderá outro bom causo. Você tem alguma dica para me dar antes do fatídico dia?
Ah, agora, já com roupas quentes e barriguinha cheia, prometo que vou tomar vergonha na cara e comprar uma máquina para postar fotos diretamente do velho continente. Chega de usar o banco de dados do Google né, gente?! Semana que vem acho que já teremos alguma coisa de turismo por aqui.
Por hoje é só!
Nos vemos logo, logo!

2 comentários:

  1. Alyssa.... ótimo texto, contando as peripércias.

    Parabéns.... seu cantinho já está com cara encantadora... tudo arrumadim, ajeitadim, belezim.
    super bj
    mamis

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  2. Manheeee! A gente tem que dar uma carinha nossa sempre, né? Nem que seja um colchão no canto da sala! ahahha

    bjs!!!

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