sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A Noviça Rebelde de Edimburgo

Sexta-feira que não é 13! (Porque de 13 já bastou a quinta-feira que eu cai da escada, quebrei um dente e tive que ir atrás de um dentista (parêntesis dentro do parêntesis: cada dia é realmente uma aventura pela sobrevivência por aqui)). Quer coisa melhor que poder beber uma boa taça de vinho no almoço e ficar a tarde toda sem fazer nada?! Então, depois de uma semana cheia de imagens de Edimburgo pra vocês, é óbvio que guardei o melhor para sexta-feira, porque, afinal, final de semana ta aí pra gente curtir onde quer que estejamos!

Para começar bem o dia, nada como uma boa caminhada. Melhor ainda, se for à beira de um vulcão inativo, perto do mar, com uma vista (e uma subida) de tirar o fôlego! E assim começou o dia de domingo (tá vendo como eu disse que o melhor ia guardar para o final da semana?!). O destino: Arthur´s seat, ali mesmo, quase no centro de Edimburgo, pertinho do prédio do Parlamento.
A subida é relativamente fácil porque existem várias trilhas demarcadas e a vegetação não é alta. Na verdade, é como se fosse um imenso gramado, como no filme da Noviça Rebelde, quando a Julie Andrews leva o bando de pimpolhos para um piquenique nas montanhas. Senti-me a própria não preciso nem falar e, como ninguém me conhecia, óbvio que encarei uma interpretação do grande sucesso. Dá para imaginar eu pulando igual uma gazela, cantando “dó, é pena de alguém... ré, que anda para trás...mi, pronome que nem sei...fá, da falta que nos faz...”.

Arthur´s seat: o desafio

Devido à minha grande performance musical, ao vento forte, à subida íngreme e a inclinação dos raios do sol (nada a ver com minha falta de preparo físico, viu, gente), cheguei só até a metade. Mas eu explico: não subi pelo caminho que estava demarcado. Assim que cheguei ao vulcão vi um lago tão lindo, uma coisa tão bucólica que parei para tirar umas fotos. São lugares assim que nos fazem pensar que Deus realmente deu seu toque especial em alguns cantos da Terra. O único barulho era o vento nas árvores e o grasnar dos patos. Apenas isso.


Na descida, preste atenção em um morro á direita... Bem ali, escondidinho, estão as ruínas da capela de Santo Antônio, construída lá por 1.400. Do alto é possível ter a vista de outro parque da cidade.
As ruínas de St. Anthony´s Chapel e a vista do local


Pois é, e assim foi. O único problema é que o vento lá é muito forte, então é sempre bom evitar calçados escorregadios e andar meio agachadinho. Além da vista maravilhosa, outro ponto positivo é que não é preciso gastar nem uma libra! Programão e tanto!
Depois dessa andança de quase duas horas, o estômago estava gritando por algo gostoso e com muita “sustança”.  Portanto, nada melhor que gastar umas boas libras em um pratão gostoso – porque, como já disse, comer bem também faz parte do passeio. O escolhido da vez foi um pub chamado World´s End (é na mesma rua do Castelo). E o “fim do mundo” tem esse nome porque fica exatamente no local onde terminavam os muros que cercavam a cidade até o século 18. Naquela época, a vida era restrita ao lado de dentro: a comida, a segurança, a bebida, os bordéis... Tudo o que o povo precisava estava do lado de dentro. Fora, então, era o desconhecido, o “Fim do Mundo”, ou World´s End.


Escolhi o local porque gostei da cara do prédio e da placa reluzente. E não é que tive uma grata surpresa?! Primeiro, o pessoal é super atencioso, daqueles que perguntam de onde você é, o que está fazendo por lá, se precisa de ajuda para chegar a algum lugar.  Segundo, a comida é ótima, os pratos são enormes e o cardápio contém várias comidas típicas – além de outras opções mais comuns. Terceiro, o atendimento é rápido. Mas o mais bacana de tudo é o bar. Olha aí o que o pessoal faz para deixar sua “marca”. E é claro que teve brasileiro que passou por lá!

Como boa turista, claro que não deixaria de provar um prato típico (atenção, se você tiver estômago fraco, pule para o próximo parágrafo), e assim foi com o tal Haggis. Estômago de carneiro recheado com coração, pulmão, fígado e vísceras moídos, tudo isso ligado por aveia. Tipo uma buchada de bode. Mas sabe que o negócio é até gostoso. Porque, na verdade, não se sente o gosto da carne, só dos condimentos como pimenta, limão e cebola. Se você não sabe do que é feito, dá para encarar na boa, achando que é um pastel gigante recheado de carne moída.
Haggis, vai encarar?

Mas é claro que não é só de estômago de carneiro que se faz uma boa refeição. Vale a pena experimentar o Word´s most famous beef. Calma, não há nada de anormal. São apenas legumes ao vapor com filé ao molho madeira. O diferencial é que vem servido juntamente com uma massa folhada que parece ter mil folhas amanteigadas. É divino! O molho da carne molha o pão, que se desmancha no meio da refeição e por dentro continua crocante. Parece gostoso?
A hora da sobremesa e o tão esperado whisky escocês! A pedida foi um doce, também típico, o Cranachan. Imagina: framboesas picadas e amassadas com aveia, banhadas em uma calda de puro whisky escocês, por cima, chantilly fresco que mais parece uma nata reluzente, no topo, gotas de mel. Divino! Primeiro porque não é enjoativo. Segundo, porque todos os sabores se misturam – o gosto da framboesa, o doce do mel e do whisky, o creme do chantilly –, e, ao final, é uma explosão de sabor que dá vontade de comer um barril inteiro (olha o ponteiro da balança, mulherada).
Cidra, "World´s most famous beef" e o "Cranachan"

Para fechar com chave de ouro, nada melhor que uma dose de um puro malte 15 anos. Minhas papilas gustativas quase foram a êxtase com o “mé”. O escolhido foi o Glencadam 15 anos (que vai de presente para o papai). A cor é amarelada, como de algumas cachaças, isso porque não há adição de nenhum corante, como caramelo, por exemplo. O gosto é, ao mesmo tempo, forte a amanteigado – lembrando mel. É produzido nas Highlanders – as “terras altas”, no norte do país, com grande tradição produtora.

Depois desse banquete no final da tarde, nada melhor que uma caminhadinha para o hotel, um banho quente e uma cama macia. No meio do caminho, ainda algumas supresas:
A gente mata o Highlander, faz cara de mau, mas segura a arma com delicadeza
Scotisch Monument

Artista de rua

Ficamos por aqui, um bom final de semana  e até as próximas aventuras #ficaadicaaiembaixo.

O que achou do passeio?

Um comentário:

  1. Que vontade.... Aproveite cada segundo e não deixe de nos contar como foi!!!!

    Bjão

    Jhon

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