segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Uma tarde no museu

Domingo nublado (como todos os outros dias por aqui), não tem jeito, o que a gente mais quer é ficar quietinha na cama, enrolada em um cobertor assistindo TV. Mas, como por aqui TV é só na sala, o jeito é arrumar algum programa para não ficar mofando no apartamento úmido. E hoje (ontem), novamente, foi uma tarde super cultural. O programa da vez foi visitar a Galeria de Arte da cidade e conferir uma exposição de esculturas do Mario Merz.


Bom, a galeria é mantida pelo centro de estudos em esculturas HenryMoore Institute , o qual ainda mantém a biblioteca pública de Leeds – que fica no prédio ao lado, uma construção magnífica do século 18, lá da Era Vitoriana, como quase tudo por aqui. Atualmente existem cinco mostras em exibição e o melhor é que são todas gratuitas! Como era proibido tirar fotos em algumas áreas (a maioria, na verdade), não deu para fazer muitos registros.

Entrada da galeria de arte e salão principal

Interessante é que por aqui essa história de museu atrai famílias inteiras.Várias crianças passeavam pelos corredores e interagiam com as exposições (algumas, claro). No local, além de um Café lindo logo na entrada, há uma sala de desenhos e pintura para que cada um possa fazer seu próprio quadro e deixá-lo em exposição. Nem tentei desenhar nada, até porque devido ao meu grande talento artístico, fiquei intimidada com a presença de algumas crianças de 7 anos que faziam belos desenhos se comparados aos meus rabiscos. Agora, posso falar? O que mais me impressionou foi o teto do Café. Parece que há milhares de cilindro de metal dourado de vários tamanhos, um ao lado do outro, em uma área de uns 200 metros quadrados com um pé direito com cerca de 7 metros de altura. É incrível!   

Café e detalhe do teto

Painel paraa exposição dos dotes artísticos dos visitantes

A Galeria abriga uma variedade de peças. No térreo há uma sala de exposições temporárias (que atualmente conta com esculturas do inusitado Damien Hirst) e outra permanente com pinturas dos séculos 17 e 18, além de um anexo com documentos históricos ligados principalmente à região de West Yorkshire (condado no qual o município se localiza) . No subsolo, desenhos à carvão, utensílios domésticos e esculturas com até 800 anos de história. O primeiro andar (interligado por uma passarela de vidro ao Henry Moore Institute, que expunha as obras de Merz), é o local para documentos históricos do século 20, como as primeiras impressões feitas por computador. Além disso, se você gosta de arte moderna, corra para lá. São esculturas em madeira, pedra-sabão, ferro e exposições fotográficas. De maneira geral, o foco deles são as expressões artísticas a partir do século 18, com destaque para esculturas a partir de 1950. Há poucas peças muito antigas – se bem me lembro, acho que vi apenas uma escultura de Mercúrio que era de 1200 e pouco).
A segurança do local, contudo, me chamou a atenção. Não sei se por conta da educação dos visitantes e costumes locais, não havia muitos guardas para garantir que todo mundo ficasse atrás das linhas demarcadas no chão. No máximo, nos locais mais badalados, monitores ficavam de olho se ninguém tentava colocar o dedinho em alguma pintura. Além disso, achei estranho porque não percebi nenhum sistema que protegesse as obras (principalmente pinturas) em caso de incêndio. Câmeras estão instaladas em todos os cômodos, é verdade, mas, além disso, apenas alguns quadros contam com a proteção extra de uma lâmina de vidro e esculturas com uma redoma. Pareceu-me que isso é intencional, como uma maneira de aproximar o público e a arte, todavia, ainda assim, frágil. Se fosse no Brasil com certeza algum engraçadinho ia dar um jeito de rabiscar seu nome no rodapé de alguma escultura de madeira.
Voltando às exposições, a do Mário Merz era uma das mais cheias (acontece no prédio ao lado, o Henry Moore Institute, ao qual se tem acesso pela passarela de vidro). Ele é um italiano que faz esculturas com objetos típicos do pós-guerra da segunda guerra mundial. Então são carros, aparelhos de televisão, garrafas, luminárias e tudo o que tenha alguma coisa a ver com aquele período. Aí abaixo estão algumas imagens de objetos que estavam na mostra (estas são da internet, porque este era um dos locais nos quais não era permitido tirar fotos).
Mario Merz
Para terminar, preciso falar sobre a exposição do controverso Damien Hirst. Ele cresceu aqui em Leeds e faz parte do grupo de Jovens Artistas Britânicos (YBAs). A polêmica é que, além de sua temática central ser a morte, utiliza animais empalhados em grande parte de suas obras. Uma beleza macabra. O cara já foi acusado de plágio diversas vezes, mas o caso é que é o artista vivo que mais faturou em um leilão (em 2008 a Sotheby´s leiloou mais de 200 peças e arrecadou 140 milhões de euros. O recorde anterior era de Pablo Picasso, em 1993, com 20 milhões de euros).  
Fiquei impressionada com duas obras (imagens da internet também). A primeira é The anatomy of an Angel. Uma escultura de gesso que mescla a beleza pura de um anjo com o interior do corpo humano. Somos todos anjos? Os anjos são mortais? Acho que foi mais ou menos essa a indagação que ele quis fazer.

Damien Hirst- The anatomy of an angel

A segunda era uma composição com borboletas mortas, The explosion, (uma das obras que ele fora acusado de cópia. Neste caso, de uma outra artista inglesa desconhecida). Discussões à parte,  a obra é magnífica: colorida, com motivos geométricos que nos causam uma ilusão de ótica. É possível ficar horas olhando para ela e descobrir dezenas de espécies diferentes de borboletas. Como já disse: lindo, mas macabro. De qualquer maneira acho que vale à pena conferir uma exposição dele porque o cara é top em todo o mundo.  

Damien Hirst- The explosion

Ah, sábado a noite teve cervejinha em um bar com direito a coreografia no meio da pista de dança. Mais tarde tem um vídeo prá vocês.

Por enquanto é isso,
Beijos e ótima semana aí a todos!



Onde fica: The Headrow
Quanto custa: De grátis                                                                                   
Ponto alto: exposições simultâneas
Ponto baixo: não é possível tirar fotos
Do it again? Assim que outras mostras estrearem

Um comentário:

  1. Alyssa,

    cada texto deste é ua aprendizado daqueles pra quem só pode ver as obras através de suas palavras.... ótimo.... compartilhe sempre conosco todas estas suas andanças.... bjao
    manheeeeeeeeeeeeee

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